quarta-feira, 18 de junho de 2014

Como distinguir a morte de um homem da meditação profunda?


A família de um dos mais influentes gurus na Índia, Ashutosh Maharaj, iniciou um segundo processo judicial contra a sociedade Divya Jyoti Jagrati Sansthan (Missão do Despertar da Luz Divina). Ashutosh Maharaj criou essa organização em 1983 e tem numerosos discípulos e seguidores. A sociedade tem centenas de filiais em diversos países e milhões de seguidores.
Segundo a família do guru, ele morreu em janeiro deste ano em uma das filiais da organização. Os seguidores de Maharaj, porém, recusaram-se a entregar o corpo aos parentes e a cremá-lo. Em vez disso, eles congelaram o corpo e conservam-no num lugar especialmente guardado. Os membros da organização Divya Jyoti Jagrati Sansthan estão convencidos de que o guru não morreu, mas simplesmente entrou em meditação profunda.

Uma declaração no sítio do movimento reza: "Sua Santidade Ashutosh Maharaj entrou em meditação profunda (samadhi) a 29 de janeiro de 2014”. Segundo as palavras de um dos seus assessores, “Maharaj já tinha antes mergulhado em meditação profunda. Ele passou muitos anos meditando a temperaturas negativas nos Himalaias. Ele voltará à vida logo que necessite e nós garantimos a conservação do seu corpo até lá", afirma-se.
O fenômeno de samadhi é conhecido há muito tempo. Ocorrem casos de meditação profunda fora das fronteiras da Índia. Dashi-Dorzho Itigilov, guia dos budistas da Sibéria Oriental, está nesse estado desde 15 de junho de 1927. Depois de ter estado enterrado 46 anos, o seu corpo não tem sinais de decomposição. Em 2002, o corpo de Itigilov foi transladado para um compartimento especialmente preparado no Mosteiro de Ivolga na Buriátia (Rússia). Além disso, segundo os monges, eles entram diariamente em contato com o seu mestre. O corpo incorruptível do Lama foi várias vezes estudado por cientistas, que confirmaram que a análise química de partículas do corpo do Lama corresponde, segundo alguns parâmetros, aos tecidos de um homem vivo e que não permite concluir definitivamente se está vivo ou morto.
O advogado russo Yuri Subbotin comenta assim o escândalo provocado pelo processo de Maharaj:
"Esse caso é discutido nos meios jurídicos de todo o mundo, porque, sem dúvida, tem interesse. Eu, ainda recentemente, interessei-me por isso. Considero que a decisão final deve basear-se nos resultados de análises médicas. Em qualquer caso, visto que na Índia existe um sistema centralizado único de tribunais, o litígio deverá, mais provavelmente, ser decidido no Supremo Tribunal".
O caso do guru Ashutosh Maharaj não é apenas um problema de fé ou de ciência. Aqui nota-se também de forma clara um interesse financeiro. Os parentes do guru acusam a direção da organização Divya Jyoti Jagrati Sansthan de se recusarem a devolver o corpo do defunto por motivos mesquinhos. Dalip Jha, filho do líder espiritual, insiste em que o pai não faleceu, mas foi envenenado por membros da organização que tentaram manter o controle do seu impéro financeiro. A sociedade criada por Maharaj possui, atualmente, dezenas de grandes edifícios na Índia, EUA, América do Sul, Austrália, no Médio Oriente e na Europa.
Não obstante os peritos forenses da polícia de Punjab terem, inicialmente, confirmado a morte do guru, os funcionários judiciais puseram em dúvida a conclusão da polícia. Milhares de seguidores de Maharaj em todo o mundo afirmaram que não é possível obrigá-los a acreditar que o guru está morto.

Seja como for, o tribunal de Punjab terá de tomar uma decisão sobre este caso. Talvez os juízes tenham de definir critérios médicos e elaborar critérios jurídicos, segundo os quais se possa distinguir um homem morto de um homem no estado de samadhi. Pois por detrás da mais sincera fé e de supremas conceções estão questões bem terrestres que exigem solução.

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Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_06_08/dilema-indiano-como-distinguir-a-morte-de-um-homem-da-meditacao-profunda-9138/

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